Aula aberta com a Psicanalista Simone Engbrecht
São Leopoldo - O Grupo de Pesquisa em Aconselhamento e Psicologia Pastoral da Faculdades EST convida estudantes, colaboradoras/es, docentes e comunidade em geral para mais uma edição de sua Aula Aberta.
No encontro, a Psicanalista Ms. Simone Engbrecht apresentará o método e o resultado de sua pesquisa de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria, intitulado "Trauma e Repetição: As Narrativas Midiáticas sobre Vítima na Enchente de 2014 no Vale do Itajaí, SC".
O evento será no dia 12 de julho, às 14h30, no Auditório do Prédio H da Faculdades EST (Rua Amadeo Rossi, 467, Morro do Espelho, São Leopoldo).
Sobre a pesquisa de Simone:
A proposta da apresentação dessa pesquisa é a de discorrer tanto sobre o tema da fraternidade como de Unheimliche [1] a fim de nos inquietarmos e construirmos um contraponto ao tema da solidariedade quando esse é tomado de maneira superficial e superfluida. Pesquisamos as narrativas midiáticas sobre a condição de vítima na enchente na região banhada pelo rio Itajaí-Açu, SC, de 2014 possuindo como recurso teórico o estudo de repetição e de trauma desenvolvido pela psicanálise e inspiradas tanto no desafio proposto por Joel Birman de sustentar uma travessia que desconstrua a servidão e o pacto masoquista na atualidade, como nas considerações dos antropólogos Didier Fassin e Richard Rechtman a partir da formulação do termo “nova linguagem dos acontecimentos” onde os eventos são tomados na contemporaneidade como traumáticos e legitimadores de vítimas, a fim de nomear a retirada do lugar singular e subjetivo do sujeito a partir de rótulos psicopatológicos utilizados de maneira generalizada. Enquanto metodologia, a nossa pesquisa foi de natureza qualitativa e utilizou a coleta de 110 reportagens do jornal A Notícia, de Joinville, SC, relacionadas à enchente. A análise dos dados foi realizada por meio da análise de conteúdo, segundo Laurence Bardin e construiu enlaces entre alguns conceitos de Hannah Arendt, Jacques Lacan e Birman como a banalidade do mal, a angústia sinal e a Unheimliche. Percebemos que a banal angústia sinal que procura uma previsão do tempo encobriu e produziu, nessas narrativas, uma Verleugnung [2] de uma diferença social . AUnheimliche, se existisse, nos leitores, poderia criar essa possibilidade em perceber as diferenças entre narrativas contraditórias e assinalar uma confusão, a maneira de confusão de línguas, conforme Sandor Ferenczi (1992), e, a partir de Birman (2006), atravessar um deserto de desmentidos.
[1] Unheimliche –Termo utilizado por Freud e traduzido por estranho, sinistro, inquietante (HANNS, 1996).
[2] Verleugnung – termo utilizado por Sigmund Freud e traduzido por negação ou desmentido (HANNS, 1996, p. 303).