Intercâmbio na Alemanha
Quem não sonha participar de um intercâmbio de estudos? Melhor ainda se for para um país distante, quem sabe na Europa ou na América do Norte. Além disso, curtir essa oportunidade ao lado de quem a gente ama ajuda a enfrentar uma das primeiras dificuldades que o intercâmbio desperta: a saudade da família. Foi assim que os estudantes do Programa de Pós-Graduação da Faculdades EST Kate Fabiani Rigo e Thiago Nicolau de Araújo colocaram em prática a viagem de estudos, através da modalidade de bolsa de doutorado sanduíche, durante o ano passado. Kate pela Universidade de Göttingen (Georg-August-Universität Göttingen) e Thiago pela Universidade Livre de Berlin (Freie Universität Berlin). O casal foi para a Alemanha e levou junto a filha, Raphaela, de 16 anos, que teve a oportunidade de viver a experiência enriquecedora de frequentar o sistema de ensino alemão, conhecer uma realidade diferente e de adquirir novos amigos. “Para nós, como pais e professores, foi interessante acompanhar a rotina dela e ver como a escola de lá incentiva a autonomia e o desenvolvimento do pensamento crítico, artístico, de competências e habilidades. A escola é um espaço de trocas e é pensado e estruturado para os adolescentes, por exemplo, havia um lugar onde eles podiam descansar entre uma troca de período ou um período vago, uma coisa simples que, raramente vemos nas escolas aqui no Brasil”, disse Kate.
A família ficou nove meses na cidade de Berlin, no bairro de Charlottenburg. E a rotina da família foi estruturada a partir do cronograma de pesquisa: buscar novas bibliografias ligadas ao temas de pesquisa, fazer saídas de campo aos cemitérios de Berlin e de algumas cidades da Alemanha, fazer um levantamento documental nas dependências do IAI (Ibero-Amerikanisches Institut), fazer e enviar relatórios de produção aos co-orientadores, organizar e catalogar o material adquirido e produzir artigos sobre o tema de pesquisa para serem publicados em periódicos e apresentados em Congressos acadêmicos. “Foi uma experiência fundamental para o enriquecimento da pesquisa e uma grande oportunidade para poder continuar divulgando a pesquisa na Europa e junto com ela o nome da EST”, afirmou Kate.
Durante a estada em Berlin, Kate e Thiago tiveram trabalhos aceitos em dois eventos, o Reformation Studies Colloquium, na Universidade de Cambridge, e no Annual General Meeting of the Association of Significant Cemeteries of Europe (AGM 2014) que ocorreu em Barcelona.
“No Colóquio sobre Estudos da Reforma da Universidade de Cambridge, apresentamos uma comunicação em conjunto com o nosso orientador, Prof. Dr. Wilhelm Wachholz. O título da comunicação foi German Protestant Identity in Brazil: Seeking Space in Church and Cemetery. Nós nos concentramos na questão da identidade no espaço cemiterial e o professor Wachholz contribuiu com a identidade protestante nos templos”, ressaltou Kate. Segundo ela, o evento foi de extrema importância para a divulgação da pesquisa, da EST e um momento de atualização sobre as pesquisas que estão sendo desenvolvidas sobre Reforma no cenário europeu.
“No AGM 2014 fomos palestrantes e tivemos o privilégio de participar da primeira publicação da Associação dos Cemitérios Significativos da Europa. Para nós, pesquisadores da temática cemiterial, ser aceito para palestrar num evento deste porte foi tão importante quanto ter apresentado em Oxford (em 2013) e em Cambridge”, destacou Kate, que apresentou um estudo sobre a mudança do espaço cemiterial em tempos de conectividade A tree, a rock, lots of flowers and a profile: the transformation of cemetery space in times of post-modernity and connectivity. Thiago apresentou um estudo comparativo entre os cemitérios alemães e os cemitérios do sul do Brasil nas áreas de imigração alemã Graveyards as a source of preservation Historic-Cultural-Religious of the Tombs of immigrants German-Brazilians in Brazil: a comparative analysis. “Foi um evento marcante e que nos possibilitou trocar contatos e perceber o quanto a Europa está envolvida e preocupada em preservar seu patrimônio cemiterial”, ressaltou Thiago.
A experiência foi essencial para eles perceberem o quanto a mudança de um país está no investimento na educação e na valorização da cultura de seu povo. “Teremos a oportunidade de contribuir com um novo olhar para a pesquisa cemiterial no Brasil e poder dividir com nossos alunos e alunas um pouco do que aprendemos por lá”, indicou Kate.
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Kate Fabiani Rigo trabalha com a temática da Pedagogia Cemiterial como recurso didático a ser usado nas aulas do ensino básico com o objetivo de frear o aumento do comportamento auto lesivo e da ideação suicida entre os adolescentes. A defesa de sua tese Vamos começar pelo fim? A pedagogia cemiterial como projeto educativo no espaço escolar, acontece em 07 de agosto, às 14h, no Instituto de Ética da Faculdades EST.
Thiago Nicolau de Araújo trabalha com a temática cemiterial e tem por objetivo desenvolver um modelo de entendimento do significado dos cemitérios e sua relação com a expressão e manutenção de uma identidade religiosa, tanto individual como coletiva. A defesa de sua tese “O que amamos, não esquecemos”: Um estudo teológico, identitário e cultural dos cemitérios teutos no sul do Brasil, acontece em 24 de julho, às 8h, no Instituto de Ética da Faculdades EST.
Ambos trabalhos foram orientados pelo Prof. Dr. Wilhelm Wachholz.
Jornalista responsável: Mariana Bastian Tramontini
