O Bem Viver na Criação é tema de seminário promovido pelo COMIN
Nos dias 21 e 22 de maio, no auditório da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, o COMIN realizou o seminário intitulado "O Bem Viver na Criação de Deus". De parte da IECLB, as 52 pessoas participantes foram saudadas pelo membro do primeiro Conselho do COMIN, criado há 30 anos, o Pastor Sinodal Edson Edílio Streck e pelo Coordenador da Secretaria de Missão da IECLB, recriada há 7 meses. Ambos, assim como também o reitor da Faculdades EST, Pastor Dr. Oneide Bobsin e o Secretário Executivo da Fundação Luterana de Diaconia, Carlos Gilberto Bock, trouxeram aportes históricos e pessoais de como o tema os impacta.
Na manhã da segunda-feira, 21, o seminário trouxe uma reflexão indígena sobre o "Bem Viver" através de Lucio Paiva Flores, do povo Terena. Ele traçou um arco desde a aldeia indígena até o nível global e planetário dos desafios de sobrevivência para a humanidade. A Pastora Dra. Ivoni Richter Reimer aportou um enfoque bíblico e teológico ao tema, trazendo ä lembrança as diversas tradições do primeiro e do novo testamento. Há muito tempo há pessoas e grupos se ocupando desse assunto. É preciso resistir à desesperança e seguir apostanto nos pequenos passos e nas pequenas vitórias. O tempo para uma conversão urge. Encerrando as colocações da manhã, falou o Pastor Dr. Carlos Bock trazendo uma reflexão teológica mais sistemática sobre o tema.
À tarde, sob a coordenação da obreira do COMIN, Pastora e Jurista, Jandira Keppi, foi montado um painel com as lideranças indígenas. Bruno Kaingang, Saravi Deni, Nelson Xokleng e Eva Canoé. Na manhã do dia 22 foi a vez de quatro representantes do povo Kaingang trazer a sua mensagem, o que fizeram com pequenas palestras e canto acompanhado de gaita em kaingang e português. Na tarde desse segundo dia 6 grupos trabalharam as impressões sobre o que ouviram, buscando pelo que se pode fazer em nível individual e comunitário para viver bem na criação de Deus.
Constatamos que o bem viver difere de acordo com o lugar (interior, cidade) ou a cultura dentro da qual se vive. Constatamos também que o sistema de produção e consumo que depreda a natureza e contamina as relações humanas e destes com Deus é complexo e tem grande capacidade de se refazer sempre de novo. De outro lado, no horizonte do Reino de Deus, há muitas coisas que podemos fazer individualmente para desacelerar a vida, exercitar modelos de suficiência em contraposição à propaganda do crescimento.
Além dos povos indígenas, é necessário ficar atento a muitos outros grupos que estão fazendo suas experiências de alternativa à economia de rapina: pequenas comunidades que tem as coisas mais necessárias em comum, movimento como o "slow food", uma alternativa ao "fast food" em meio ao ritmo acelerado de nosso mundo. Muitas pessoas pequenas em muitos lugares pequenos que dão muitos passos pequenos têm condições de mudar a face da terra.
Texto: Pastor Hans Trein
Foto: Jornalista Ingelore Hoch
