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REPORTAGEM ESPECIAL: A música que embala sons da vida


REPORTAGEM ESPECIAL: A música que embala sons da vida

Os olhos intensamente azuis já não a fazem enxergar o verde das árvores próximas à janela do quarto. Praticamente cega, Maria Noema de Menezes parece viajar no tempo e rememorar quase um século de histórias ao entoar trechos da sua canção favorita: o Canto Alegretense.

Aos 98 anos, a professora que ensinou centenas de crianças a ler e a escrever ainda deixa entrever nos olhos o encantamento pela terra onde nasceu. “Tu sabias que eu sou alegretense?”, questiona.  A voz mansa ganha força e paixão ao recitar a primeira estrofe da canção. Aos risos, a velha professora que diz não saber definir o que é felicidade, tem a música como aliada nos momentos de solidão. “Quando me dá vontade de cantar, eu canto”, desabafa Noema, confortavelmente acomodada à sua enorme cadeira enquanto espera que alguma enfermeira do Lar Moriá, onde vive há sete anos, venha lhe servir o café da tarde.

Ao lado da mala à espera de um dos seus três filhos, Lory Konrath, 81 anos, está ansiosa para passar o final de semana ao lado da família. Ela vive há três anos no Lar Moriá, em São Leopoldo, e todas as terças-feiras à tarde participa das sessões de musicoterapia oferecidas pelos estudantes da Faculdades EST. “A musicoterapia é um exercício para o corpo e para a mente”, relata Lory que, ao longo das sessões, gosta de cantar com o grande grupo, dançar, manusear o chocalho e “falar bobagens para se divertir um pouco”.

Pianista em épocas passadas, a música continua sendo uma referência para que Lory não apenas redirecione o olhar para um passado de boas recordações, mas continue a resplandecer um sorriso jovial que a faz desenvolver uma perspectiva otimista em relação ao amanhã. “Hoje um dos meus filhos vem me buscar e, quando eu voltar, vou continuar dando as minhas caminhadas e assistindo às minhas novelas, até porque não gosto de ninguém ao meu redor cuidando de mim”.

Lory e Noema conhecem bem os estudantes Hélio Marcon dos Santos e Caroline Leonhardt. Além de coordenarem as sessões grupais de musicoterapia, eles fazem uso da música enquanto recurso terapêutico também em atendimentos individuais supervisionados pela professora Ma. Sofia Dreher.

Sentada com o violão ao lado da cama de Julieta Stumpf, que aos 97 anos intercala momentos de lucidez e de esquecimento, Caroline canta e toca um repertório de canções gauchescas. “Essas canções foram escolhidas a partir do gosto musical da paciente e estão vinculadas à sua história de vida”, relata Caroline.

Embora muitos idosos não consigam cantarolar as canções apresentadas pelos musicoterapeutas, o contato visual, o balançar da cabeça e o movimento dos pés e das mãos são respostas não verbais ao tratamento e que evidenciam um processo de ressignificação daqueles sons. Ao acompanhar o musicoterapeuta, seja cantando, direcionando o olhar ou movimentando alguma parte do corpo, os idosos do Lar Moriá estão fazendo uso de um recurso que os acompanhou ao longo da vida – a música – a fim de reforçar a memória e estimular a movimentação corporal.

“O resgate dessas memórias musicais contribui para trazer à tona outros tipos de memória”, disse o estudante Hélio dos Santos, ao enfatizar que a história de vida de uma pessoa pode ser contata a partir do repertório musical que a acompanhou ao longo dos anos.

Vice-diretora da Casa Matriz de Diaconisas, entidade que abriga o Lar Moriá, a terapeuta ocupacional Vilma Reinar atribui à musicoterapia a habilidade que muitos idosos desenvolvem para resistir e lidar de forma positiva frente a situações adversas. “Esse trabalho é fundamental para despertar a resiliência humana, além de favorecer a convivência em grupo e exercitar a capacidade rememorativa”, afirmou.

Mesmo quando o Lar se silencia, o sentimento é de que a música continua ecoando pelos corredores de um local por vezes triste, onde as lembranças são companheiras fiéis de seus moradores. Ao entoarem suas canções favoritas, os idosos do Lar viajam no tempo, exibem um semblante alegre e passam a utilizar novamente a música como instrumento que os faz resplandecer a vida, rememorar momentos felizes e projetar o dia de amanhã.

Confira abaixo reportagem exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, sobre a utilização da musicoterapia no tratamento de pacientes com Alzheimer.



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